Durante a Segunda Guerra, Hedy Lamarr criou junto com o compositor e também inventor George Antheil um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas, cuja patente foi feita em 1940 usando seu nome de registro (Hedwig Eva Maria Kiesler). A ideia surgiu quando a dupla estava fazendo um dueto ao piano e começaram a “conversar” entre si alterando os controles do instrumento. Ou seja, Lamarr descobriu que, se o emissor e o receptor mudassem constantemente de frequência, somente os dois poderiam se comunicar sem medo de serem interceptados pelo inimigo.
Antheil havia ganhado notoriedade ao experimentar o controle autômato de instrumentos musicais, possuindo conhecimentos gerais tão vastos que chegou até mesmo a escrever um livro sobre endocrinologia. O músico conheceu a atriz em 1940, quando se tornaram vizinhos em Hollywood, e então Lamarr o procurou em busca de conselhos sobre como aumentar seus seios. Assim como Hedy, Antheil também rejeitava os ideais nazistas, especialmente depois de Hitler ter realizado uma verdadeira caça à música moderna em prol do Romantismo de Wagner, por considerar o estilo moderno “uma aberração judaica”. Então, sem conseguir trabalho na Europa, o músico refugiou-se na América.
Então, em 1942, a dupla submeteu seu método de alternância de frequências (“frequence hopping”) ao Departamento de Guerra dos Estados Unidos, que a recusou porque a ideia de trocar as 88 frequências a fim de despistar radares pareceu complicada e difícil demais para ser realizada na época. O projeto ficou “na gaveta” até 1962, quando o aparelho inventado por Lamarr passou a ser usado por tropas militares dos EUA em Cuba, quando a patente já havia expirado. No entanto, a invenção da atriz permaneceu desconhecida até 1997, quando a Electronic Frontier Foundation premiou Hedy Lamarr por sua contribuição.
No ano seguinte, a Ottawwa Wireless Technology adquiriu 49% da patente de Lamarr e a ideia do aparelho de frequência criado por ela serviu de base para a criação da moderna tecnologia de comunicação, como as conexões Wi-Fi e CDMA (de telefones celulares). Considerada então a “mãe do telefone celular”, Hedy Lamarr não ganhou nenhum dinheiro com sua enorme contribuição para com a tecnologia. Contudo, em 1997 recebeu do Governo dos Estados Unidos uma menção honrosa “por abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrônica”.